segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Pra que tanto desespero?






A crise existencial que atormenta as quase e as já quarentonas é algo meio pertencente à um conceito imaginário de uma sociedade bitolada em juventude. Embora até o termo “quarentonas” soe de forma pejorativa, analisando minuciosamente, ultrapassar essa linha do tempo tem mais vantagens que desvantagens.

A mulher de quarenta já é segura de si. Diferente da época dos vinte e poucos anos, quando tudo parecia puxar a auto estima para baixo, as quarentonas (me permitam usar esse termo!) se colocam diante dos outros como alguém que sabe o que quer, sem se deixar influenciar com opiniões divergentes da sua.

Já se deixou influenciar muito por opinião de amigas ou vendedoras de loja e levou uma roupa para casa que não se sentiu confortável, pendurando-a no armário para nunca mais tirar de lá.  Hoje não! O argumento de que “está na moda” ou “é da coleção nova” não cola mais!  É capaz de ir sozinha à uma loja de roupas e escolher aquilo que lhe cai bem, sem indecisões porque conhece a anatomia de suas formas.

A questão da maternidade já está resolvida. A maioria das que optaram por serem mães, já encerraram sua prole, e seus filhos já estão em idades que lhes permitem maior liberdade de ter momentos próprios e retomar algum projeto que ficou em stand by. Aquelas que optaram por não terem filhos, já passaram da fase de sabatina de questionamentos das pessoas sobre o porquê dessa decisão e tocam felizes suas vidas e carreiras.

A aparência física e disposição estão no auge. Quem da nossa geração, nunca olhou para uma foto de 20 anos atrás e pensou “estou melhor agora!” É nessa fase que a experiência e o corpo estão caminhando juntos, em harmonia. Antes tínhamos a juventude, porém imaturidade e insegurança. Depois teremos a sabedoria, mas um corpo começando a decair de potencial e rendimento.

No campo amoroso, as casadas já descobriram seu poder dentro de casa e não aceitam mais os mandos e desmandos do marido por medo de serem trocadas. A mulher já sabe que é como uma maestrina, que conduz as decisões e mantém o equilíbrio do lar. As divorciadas estão muito mais exigentes na busca de um novo amor, não aceitando mais o primeiro que lhe aparece e algumas, nem aceitando mais dividir sua vida novamente com outro: só amor descomplicado e livre das dificuldades de uma convivência diária.

São inúmeras as vantagens de estar nessa fase da vida, assim como são numerosas as mulheres que encontram-se nela pirando e entrando em crise existencial (uma delas sou eu!). Não se tem uma explicação plausível para essa loucura. Parando para refletir, me parece uma fase maravilhosa que merecia comemoração e não angústia. Pode ser que a explicação seja porque ter poder demais assusta e de acordo com a frase de um dos personagens de Stan Lee: “com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades.” Lidar com tudo isso requer mais serenidade e equilíbrio. Reconheço que não é um processo fácil mas pra que tanto desespero?

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