O conflito interno, que me é tão
íntimo, bagunça minha vida. Meus filhos (tenho dois) crescendo, ficando mais
independentes, me deixando menos ocupada com os cuidados com eles e mais
dedicada ao cultivo de minhas “nóias”. Quando os filhos são pequenos, desejamos
tanto que cresçam logo, fazemos tantos planos com o tempo livre que iremos ter,
e quando esse momento chega, não é tão legal assim quanto fantasiamos.
Consegui organizar um tempo só meu.
Achei uma atividade que me faz zerar os pensamentos e apenas aproveitar o
presente: a corrida. Comecei a acordar cedinho e correr todas as manhãs.
Cheguei ao ponto de conseguir correr uma meia maratona! Sensação maravilhosa de
superação, contato com a natureza, ver o dia amanhecer, a cidade acordar... aí
começa uma onda de violência no meu bairro, culminando no assassinato e estupro
de duas mulheres, muito próximo à minha casa. Um pavor tomou conta de
mim. Passei uma semana sem conseguir sair de casa. Podia ter sido eu! Me senti muito impotente, triste, pensando
que tinham tirado meu momento relaxante do dia.
Uma feliz coincidência fez tudo
mudar. Encontrei com uma amiga que ajuda no resgate de animais abandonados e
ficamos conversando. Coloquei minhas angústias e ela me falou: “Adota um
cachorro!” Na hora coloquei meio mundo de dificuldades: moro em apartamento,
não tenho tempo, meu marido não aceita e blá,blá, blá. Voltei para casa
pensativa.
Resolvi seguir o conselho dela!
Travei uma batalha dentro de casa para convencer meu marido, organizar meu
tempo, adaptar o ambiente. Assisti a programas de especialistas em cachorro,
comprei brinquedinhos, tapetinho de xixi, coleira... estava tudo pronto!
Faltava o cachorro! Pensava em comprar um filhotinho de uma raça que melhor se
adaptasse à minha rotina, iria me basear em uma pesquisa de raças que tinha feito.
Não havia pensado na adoção de animais resgatados.
Um certo dia, a mesma amiga me manda
uma mensagem, avisando que tinha um cachorro precisando de um lar. Tive muito
receio, pois tinha ideias equivocadas sobre animais adultos. Tinha medo de que
tivessem problemas de comportamento devido à um trauma prévio. Mas uma voz na
minha cabeça me dizia para seguir em frente, sem medo. Comentei com meus filhos
sobre essa possibilidade, ficaram super animados. Era um dia de muita chuva!
Meu coração estava disparado. Coloquei meus filhos dentro do carro e fui com
minha amiga buscar o cachorro em um Lar Temporário. Lugar escuro, ermo, pensei
em desistir. Segui a voz do meu coração e fui em frente. Chegando lá, foi amor
à primeira vista! Me apaixonei pelo cachorrinho no primeiro minuto! Tão frágil,
tão amedrontado! Senti que precisava me fortalecer para que ele não tivesse
mais esse sentimento.
A amizade e companhia do cachorrinho,
chamado Max, me fez ressurgir das cinzas! A responsabilidade de levá-lo para
passear todos os dias, me fez superar o medo de possíveis bandidos. Tenho um
companheiro de corrida agora! Alguém que está sempre atento ao ambiente, que
avisa de algo suspeito, que segue comigo em silêncio. Alguém que não pede
muito, só amor. Que não se importa com minhas nóias, que não me julga. Saí de
uma quase síndrome do pânico, para ser livre e destemida!
Adotar um animal é um
ato que eleva a alma, engrandece, nos dá um sentido à mais na vida. Preciso
filtrar minhas angústias junto dos meus filhos para não influenciá-los. Com
Max, sou 100% verdadeira! Já ouvi de
algumas pessoas: “ você arrumou mais trabalho para você!” Realmente, tenho sob
minha responsabilidade alguém que depende totalmente de mim, que nunca será independente.
Porém, não considero trabalho, mas uma dádiva. Esse compromisso extrai o melhor
de mim todos os dias! Estou aprendendo com ele que, viver o presente, é mais
importante do que ficar lastimando o que
passou ou ficar tentando antever o futuro. Achei o substituto perfeito do
Rivotril: corrida e cachorro!
Adorei o substituto do rivotril! Kkk... Muito bom! No meu caso, eu canto. Achei linda a sua relação com o Max. Você nasceu pra ter bichos. Não me lembro de vc sem gato ou cachorro por perto. Às vezes, abrimos mão de tantas coisas que vamos perdendo a própria essência. Mas ainda bem que vc tá resgatando-a.
ResponderExcluirGosto mesmo! Lembro de um desenho de escola , quado eu tinha uns 6 anos, que era para desenhar a cena da crucificação de Cristo e eu fiz Jesus na cruz, Maria ajoelhada e um cachorrinho de lado! Rsrsrsrss
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