A
roda da vida gira muito rápido e parece que, de repente, duplica a velocidade
de forma assustadora. A percepção desse
“giro” também muda com os anos. No início, tudo passa muito lento. As férias
escolares demoram demais a chegar, o dia da criança, o Natal na casa da avó
para rever os primos, o aniversário para ganhar aquele brinquedo especial... o
tempo parece andar à passos de tartaruga e o desejo de que ele corra como a
lebre é imenso!
Segunda
fase da vida, a adolescência. O tempo deixa de ser uma preocupação: o que
importa é viver o presente! O futuro é pensado até o próximo show ou a próxima
balada! E é, justo nessa fase, que nossos pais mais nos azucrinam, tentando nos
fazer planejar o futuro. Mas que importa o futuro, se todos os hormônios estão
em ebulição? A sensação de plenitude e de ter a vida inteira para pensar em
coisa séria... pra que perder tempo com isso? A auto estima começa a se
desenvolver, a visão dos outros em relação à nós passa a ter um peso enorme e a
necessidade de fazer parte e se enquadrar em algum lugar deste mundo é o que
importa.
A
terceira fase, vida adulta, é onde a velocidade começa a aumentar. Essa fase
pode ser dividida em dois momentos: o início, onde existe uma força pulsante
dentro de nós que nos motiva a conquistar o mercado de trabalho, ter uma
família, um lar. Todo dia é um novo desafio e temos uma meta a seguir.
Normalmente, essa fase acontece dos 25 aos 35 anos, estamos à pleno vapor! O
tempo parece correr mais rápido, mas tudo bem! É bom que chegue logo o novo dia
para começarmos a correr atrás de nossas metas, com garra e vontade.
Daí
vem o segundo momento... e, antes de descrevê-lo, quero deixar claro de que
falo com muita propriedade, pois é nele que me encontro. Quando menos esperamos,
estamos quase na metade da jornada! Mas já? Quase 40! O que acontece no
ponteiro interno quando essa etapa chega?
Bom, pra começar, o corpo começa a dar sinais de “desgaste”. Aquelas
letrinhas, miudinhas, do verso do shampoo, parecem ter encolhido ainda mais e
algumas até dançam! Os primeiros cabelos
brancos começam a surgir. Outro dia, estava eu a retirar os pelos da
sobrancelha e avistei um pelinho branco lá! Nossa, que susto! Me gabava de
ainda não ter nenhum! Uma noite em uma festa custa quase dois dias inteiros de
um cansaço enorme! Antes dava pra passar 3 noites seguidas na balada e tudo ok!
Cada quilo à mais adquirido carece de uma disciplina severa de dietas e
exercícios e, mesmo assim, a balança praticamente só aprende a somar e quase nunca
a diminuir.
Embora
seja a parte “palpável” dessa terceira fase, as mudanças físicas não são as
piores. A percepção corporal da finitude e a sensação de que o tempo está
escorregando pelos dedos, nos leva à um estado de introspecção. Ao me aproximar
dos 40 (estou com 38 anos e 7 meses), muitos questionamentos relativos ao que
fiz até aqui e ao que quero para o futuro, invadiram minha cabeça. Entrei em crise existencial.
O
primeiro pensamento é sobre a carreira profissional. Antes dedicava todo o meu
tempo ao trabalho, porque financeiramente me satisfazia, e agarrava toda
oportunidade de emprego, visando aumentar a renda. Hoje, quero priorizar meu
tempo livre, cuidar da minha saúde, dedicar mais tempo à família, amigos, à
mim. Começo a rejeitar propostas de trabalho que signifiquem tomar mais meu
tempo. Estou em processo de redução de carga horária.
A
opinião dos outros pouco me importa! Os pensamentos são claros e já não consigo
mais engolir os sapos de antes. Agradar as pessoas a qualquer custo, à ponto de
abdicar de minhas vontades, não fazem mais parte de minha estratégia de boa
convivência! O número de pessoas que fazem parte do que considero amigas, não
somam mais que os dedos das mãos e, além da família, são as únicas que têm
poderes de influenciar minhas decisões.
Essas
e muitas outras questões vão sendo colocadas na “berlinda” para sofrerem
análise rigorosa de um controle de qualidade: qualidade de vida. Muitas outros
processos de mudança acontecem e acontecerão nessa nova empreitada e, cada nova
tribulação, merece uma análise cuidadosa e possível redirecionamento, pois o
relógio não para e corre acelerado! Enfim, o meu projeto futuro começa com um
lema, que a maioria das pessoas riem quando falo: estou na caminhada rumo aos
105 anos. Essa meta me dá a sensação de
prolongamento de prazo de validade. Como se assim, conseguisse afastar mais a
ideia de que a vida está mais curta agora!
Pareço bem resolvida e cheia de certezas, mas na verdade sou um ser em estado de ebulição, que todo dia acorda com um novo objetivo e nem sempre consegue seguir as metas de forma metódica. Acho que isso torna maior o desafio de atingir a tão sonhada e preciosa fórmula da felicidade. O olhar para alguma direção é que traz o impulso de querer realizar algo e que traz um certo conforto de estar caminhando na direção certa. Será?
Pareço bem resolvida e cheia de certezas, mas na verdade sou um ser em estado de ebulição, que todo dia acorda com um novo objetivo e nem sempre consegue seguir as metas de forma metódica. Acho que isso torna maior o desafio de atingir a tão sonhada e preciosa fórmula da felicidade. O olhar para alguma direção é que traz o impulso de querer realizar algo e que traz um certo conforto de estar caminhando na direção certa. Será?
Nenhum comentário:
Postar um comentário