A crise existencial que atormenta as
quase e as já quarentonas é algo meio pertencente à um conceito imaginário de
uma sociedade bitolada em juventude. Embora até o termo “quarentonas” soe de
forma pejorativa, analisando minuciosamente, ultrapassar essa linha do tempo tem
mais vantagens que desvantagens.
A mulher de quarenta já é segura de
si. Diferente da época dos vinte e poucos anos, quando tudo parecia puxar a
auto estima para baixo, as quarentonas (me permitam usar esse termo!) se
colocam diante dos outros como alguém que sabe o que quer, sem se deixar
influenciar com opiniões divergentes da sua.
Já se deixou influenciar muito por
opinião de amigas ou vendedoras de loja e levou uma roupa para casa que não se sentiu
confortável, pendurando-a no armário para nunca mais tirar de lá. Hoje não! O argumento de que “está na moda”
ou “é da coleção nova” não cola mais! É
capaz de ir sozinha à uma loja de roupas e escolher aquilo que lhe cai bem, sem
indecisões porque conhece a anatomia de suas formas.
A questão da maternidade já está
resolvida. A maioria das que optaram por serem mães, já encerraram sua prole, e
seus filhos já estão em idades que lhes permitem maior liberdade de ter
momentos próprios e retomar algum projeto que ficou em stand by. Aquelas que
optaram por não terem filhos, já passaram da fase de sabatina de
questionamentos das pessoas sobre o porquê dessa decisão e tocam felizes suas
vidas e carreiras.
A aparência física e disposição estão
no auge. Quem da nossa geração, nunca olhou para uma foto de 20 anos atrás e
pensou “estou melhor agora!” É nessa fase que a experiência e o corpo estão
caminhando juntos, em harmonia. Antes tínhamos a juventude, porém imaturidade e
insegurança. Depois teremos a sabedoria, mas um corpo começando a decair de
potencial e rendimento.
No campo amoroso, as casadas já
descobriram seu poder dentro de casa e não aceitam mais os mandos e desmandos
do marido por medo de serem trocadas. A mulher já sabe que é como uma maestrina,
que conduz as decisões e mantém o equilíbrio do lar. As divorciadas estão muito
mais exigentes na busca de um novo amor, não aceitando mais o primeiro que lhe
aparece e algumas, nem aceitando mais dividir sua vida novamente com outro: só
amor descomplicado e livre das dificuldades de uma convivência diária.
São inúmeras as vantagens de estar
nessa fase da vida, assim como são numerosas as mulheres que encontram-se nela
pirando e entrando em crise existencial (uma delas sou eu!). Não se tem uma explicação
plausível para essa loucura. Parando para refletir, me parece uma fase maravilhosa
que merecia comemoração e não angústia. Pode ser que a explicação seja porque
ter poder demais assusta e de acordo com a frase de um dos personagens de Stan
Lee: “com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades.” Lidar com tudo isso
requer mais serenidade e equilíbrio. Reconheço que não é um processo fácil mas
pra que tanto desespero?